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O reggae leve de Tay Galega torna visíveis os amores lésbicos

Vinícius Barboza

Em entrevista ao InCultura a cantora expõe os preconceitos que sofre por ser mulher homossexual

 

Blumenauense de origem, cantora, youtuber, formada em Publicidade e Propaganda. A história de Taynã Michelle Gauche mostra que ter fé no próprio potencial é fundamental na busca pelo reconhecimento. Conhecida na internet por “Tay Galega”, a artista de 25 anos é um dos nomes em ascensão do reggae nacional, e que leva visibilidade e identificação para as mulheres lésbicas em cada canção.


Tay iniciou sua história na música com pouca idade, aos 16, de uma forma muito convencional: gravando covers para o YouTube. Em seguida, montou uma banda de garagem. “Fizemos o primeiro show no colégio de um dos meninos [da banda], pra umas cinco pessoas, mas foi tão massa, que o tesão de tocar e estar em cima do palco me conquistou. Comecei a acreditar e correr atrás disso”, conta.


Tay Galega durante show ao ar livre na Av. Paulista, em São Paulo, 17/09/17. Foto: Vinícius Barboza

As dificuldades do início surgiram, tanto financeiras quanto de reconhecimento. A ajuda dos seus seguidores foi fundamental, Tay arrecadou mais de 10 mil reais no site online Catarse, para produzir seu primeiro trabalho na carreira solo. “O meu primeiro EP (“extended play”, um CD com poucas faixas) autoral foi lançado há dois anos só, e foi através de financiamento coletivo, com a ajuda dos fãs, porque eu não tinha dinheiro pra gravar”.


Inspirada por músicos como Armandinho e a Banda Maneva, a cantora catarinense ressalta que a divulgação do seu som foi “um processo bem de formiguinha, que levou vários anos”. Sua música mais conhecida, e que viralizou, obteve mais de 300 mil visualizações em apenas um dia, algo até então incomum. “Foi uma música que eu escrevi de pijama no quarto, gravei no mesmo dia com celular e botei no Facebook. As minhas músicas ficavam meses e meses e tinham 10 mil [visualizações], sabe? A galera gostou da música e compartilhou”.


“Na música ‘Minha Menina’, em infinitos shows já rolou pedido de casamento, pedido de namoro, e eu sempre levo as meninas e elas se beijam em cima do palco”


Trata-se da canção “Minha Menina”, que conta os amores que vive em sua vida, e que fez com que milhares de garotas lésbicas se identificassem. “É uma música bem simples, com uma letra simples que fala sobre um amor leve, um amor lésbico. Como sou uma mulher lésbica eu gosto de falar sobre esse assunto, pra que todo mundo veja que existe”.


Durante os shows, o seu maior sucesso vira trilha sonora para que os romances da plateia ganhem visibilidade. “Na música ‘Minha Menina’, em infinitos shows já rolou pedido de casamento, pedido de namoro, e eu sempre levo as meninas e elas se beijam em cima do palco. Então todo mundo que tá no show tem que ver! Nessa hora a gente sempre tenta deixar a atenção pro casal, porque o momento é delas. É uma quebra de tabu aos pouquinhos, de pessoa por pessoa”.


Escondido debaixo da bateria, um roteiro de músicas a serem tocadas. Foto: Vinícius Barboza


Os preconceitos que sofre durante toda sua carreira se unem por duas razões: por ser mulher e por ser homossexual. “No meio musical a mulher é muito fetichizada. Quando você é uma mulher e tá em cima do palco os caras olham com outros olhos. Só que quando eles descobrem que você é lésbica aí os caras ficam p****. É muito complicado”.


Amanda Hamade, namorada de Tay, é sua produtora e também já sofreu com o machismo, como afirma a cantora: “rola muito preconceito até por ser mulher na produção. Se é um cara que chega e fala ‘Ei, é tal horário que a gente vai tocar’, os caras respeitam, mas se é uma mulher os caras não respeitam. Eles falam ‘Ah não, tá bom...’ e ignora o que você fala”.


“No meio musical a mulher é muito fetichizada. [...] Quando eles descobrem que você é lésbica aí os caras ficam p****”


Tanto o machismo quanto a lesbofobia sofridos pela cantora não a abalam. Galega afirma que cada vez mais ela tenta inserir garotas na sua equipe, em cargos como de roadie, função raramente desempenhada por mulheres.


Tay Galega diz que é necessário para quem busca reconhecimento ter paciência e amor. “Não tentar ‘botar os pés antes das mãos’, sabe? Ir com calma. Se é de coração sempre funciona. Anos atrás eu tinha uma baita equipe por trás e não deu certo. Quando eu me desprendi de tudo e falei ‘Não, eu vou fazer o que eu gosto de fazer’, [deu certo]”.


"Por ser mina você já passa por várias barreiras. Mas a gente tá aqui pra dar a cara a tapa e mostrar que a gente é tão f*** quanto qualquer outra pessoa, independente de gênero", afirmou Tay Galega em entrevista concedida ao InCultura. Foto: Vinícius Barboza


A cantora finaliza ressaltando que a franqueza é primordial. "O público sabe quando você tá sendo sincero e vai se identificar porque é o que ele vive também. E se você é o público, você faz tudo acontecer, é a melhor pessoa do mundo pra mim”.


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