“Não nos importemos”
O legado de Marsha P. Johnson, pioneira na luta pelos direitos dos LGBT e causa trans
Flutuando às margens do Hudson permanecia um dos ícones da população LGBT americana no século XX. Depois de ser considerada desaparecida poucos dias após a Parada do Orgulho LGBT de 1992, Marsha P. Johnson foi encontrada nas águas do rio que corta o estado de Nova Iorque. Segundo as autoridades, suicídio foi a causa de sua morte pouco investigada pela polícia.
A vida e morte de Marsha fizeram dela eterno espelho pelo seu pioneirismo na luta por direitos. Enquanto viva, a ativista realizou ações que são memoráveis até hoje. Seu falecimento é uma permanente denúncia da violência e ódio contra a população LGBT.
O rosto alegre de Marsha P. Johnson que, segundo amigos e pessoas próximas, aliava a sua personalidade bom humor e muito engajamento político. Foto: Reprodução/Tech News Base
Marsha P. Johnson, negra, drag, seu sobrenome significava Pay it no mind, “não se importe”, fazendo referência aos padrões binários de identidade de gênero, e uma das líderes da histórica Revolta de Stonewall, em 28 de junho de 1969. Naquela madrugada, militantes organizaram motins em resposta à invasão da polícia norte-americana ao bar Stonewall Inn, um dos poucos que recebia abertamente membros da comunidade LGBT.
Nas décadas de 1950 e 60, a população LGBT+ dos EUA enfrentava opressão não só de policiais, mas também do sistema jurídico do país. O sentimento de ódio que perdurou durante anos na elite americana e inúmeras prisões injustificáveis de LGBTs motivaram a rebelião, esta, que deu origem ao Dia do Orgulho LGBT, 28 de junho.
À esquerda, a amiga e também ativista trans Sylvia Rivera que, juntamente com Marsha, era uma das drag queens na linha de frente dos protestos que sucederam a Revolta de Stonewall. Foto por Diana Davies, via The Muse
Marsha lutou não só pelos direitos dos LGBT de forma geral, como principalmente por uma parcela dessa população que era deixada de lado e ainda não possui visibilidade: a comunidade transgênero. Ao lado de Sylvia Rivera, participou da fundação da STAR, Street Transvestite Action Revolutionaries, “Ação Revolucionária das Travestis de Rua”.
Dentre as ações praticadas pela STAR, estava abrigar pessoas trans que viviam nas ruas, assim como Marsha vivera alguns anos atrás. Muitas travestis e transexuais viam na prostituição uma forma de obter renda, e a organização também as ajudava a sobreviver.
Travestis e transexuais em situação de rua eram abrigadas na Star House. Acima, Sylvia Rivera levantava a bandeira da STAR. Foto: Reprodução/Windy City Times
Para mais informações sobre o legado de Marsha, o InCultura indica dois documentários: “Pay it no mind: Marsha P. Johnson”, de 2012, dirigido por Michael Kasino, e o mais recente “A Morte e Vida de Marsha P. Johnson”, lançado em 2017 e disponível na Netflix.