Surdez e preconceito
A intolerância por trás da generalização expressão “surdo-mudo”
Por mais verdadeira que seja a ideia de que o ser humano aprenda a falar através dos sons, porém, o desenvolvimento da fala do surdo desmistifica essa compreensão. São minoria os surdos que também são mudos, uma pessoa muda não consegue utilizar o seu aparelho fonador, o conjunto de órgãos que produzem os sons da voz. Portanto, alguém que tenha surdez e seu aparelho fonador está em perfeitas condições, poderá desenvolver a fala.
Também é comum que considerem apenas a comunicação oral como forma de linguagem, mas os sinais também configuram um tipo de fala, assim, mesmo que um surdo não consiga falar oralmente, pode utilizar as mãos e estabelecer comunicar-se entre os falantes.
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Pautas que envolvem as vivências e dificuldades enfrentadas por surdos começaram a ganhar espaço em debates recentemente. Em 2017, a discussão foi intensificada quando o assunto foi tema da redação do ENEM. No mesmo ano, o jornal Folha de São Paulo contou a trajetória de Valter Lenine Fernandes até iniciar sua carreira como professor.
Professor Valter Lenine. Foto: Paulo Saldana. Reprodução/Folha de São Paulo
Mestre em História, nasceu com surdez bilateral, portanto, não é capaz de escutar nada, mas aprendeu a falar durante a faculdade, aos 22 anos. Valter ingressou na rede de escolas públicas de São Paulo no ano passado, tornando-se parte do pequeno grupo de quatro professores com surdez profunda lecionando nas escolas do município.
O professor passou em todas as etapas de mais de 10 provas para lecionar em colégios, mas quando falava sobre sua deficiência, era cortado da lista. Atualmente, os alunos afirmam que mal notam a surdez, apesar de Valter desenvolver métodos para compensar a falta da audição, como utilizar espelhos para enxergar o que acontece ao seu redor, evitando bagunças na sala de aula.