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Rico Dalasam e a representatividade das minorias

Vinícius Barboza

A mescla de rap e pop que difunde empoderamento e resistência

 

“Por que é que o fulaninho não quer segurar nunca na minha mão na hora de fazer uma coisa que tem que segurar a mão das pessoas?”, perguntava o pequeno Jefferson Ricardo da Silva à sua mãe. Negro, homossexual e nascido na periferia, Jefferson sofria preconceito racial em sua infância na escola, um colégio em que ele era o único preto que lá estudava.


Sem reconhecimento, ele há poucos anos deixou de ser invisível ao ganhar notoriedade como Rico Dalasam, rapper que com letras e rimas empodera e representa negros e homossexuais pelo Brasil. Seu sobrenome artístico possui um forte significado: “disponho armas libertárias a sonhos antes mutilados”.


Com muitos de seus sonhos mutilados desde a juventude, Dalasam busca por meio de sua música desafiar as normatividades musicais e de gênero, com um som que critica o preconceito, difunde a autoaceitação e também conta sobre alguns romances de sua vida.


Antes cabeleireiro e produtor de moda, o músico se destaca pela inovação que emprega em suas canções, mesclando o rap, sua maior inspiração (com destaque para referências como Racionais MC’s, Clã Nordestino e Ndee Naldinho), com o hip hop e blues norte-americanos, além de batidas da música afro, funk, samba e axé.


Rico não é só pioneiro por suas diferenciadas composições musicais, mas por escancaradamente ser quem ele é. Recorte de nossa sociedade, o rap também se mostra machista e homofóbico, e o sucesso do único rapper abertamente gay no país é um grito de resistência.


Rico Dalasam em apresentação no MIS - Museu da Imagem e do Som de São Paulo, 08/09/17. Foto: Vinícius Barboza


Não haveria como melhor estrear “Espelhos” senão falando de Rico Dalasam. Seu crescimento no cenário musical nacional é um exemplo para jovens negros, pertencentes da comunidade LGBTQ+, que são marginalizados e lutam por reconhecimento. Sua música anseia tornar visíveis os que hoje ainda não são.


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