Representatividade e visibilidade
A importância da representatividade na construção da autoestima
Tem-se discutido cada vez mais na internet sobre a representatividade e sua importância. Desde conteúdos cobrando mais representação, quanto a indicação de filmes e séries que de fato são inclusivos. São inúmeros os casos de blogs, sites e páginas do Facebook que discutem a importância de sermos cada vez mais representativos em meios de comunicação como a TV e o cinema, incluindo também a própria internet. Mas o que ela é em si?
Representar tem como sinônimos retratar, simbolizar, significar e corresponder. Representatividade nada mais é do que quando alguém personifica tais conceitos. É quando alguém é espelho do outro, quando se é capaz de olhar para um artista, diretor de cinema ou músico e se ver ali, enxergando não só semelhanças físicas, como também possibilidades do futuro. Apesar de básico, o conceito é propenso também a problemas sociais. Ao conviver em uma sociedade machista, racista, LGBTfóbica e gordofóbica, a representação dessas pessoas em meios de comunicação são mínimas e, quando existem, afundadas em estereótipos.
Cantora Iza. Foto: Karine Basílio, via O Globo
Ou seja, não é só porque um filme contém um personagem negro ou gay que ele realmente represente o que é ser negro e o que é ser gay. Essa é a grande diferença entre representatividade e visibilidade. Enquanto a primeira retrata uma pessoa ou grupo social de forma bem mais fiel a realidade, a segunda pode ser encarnação de preconceitos como, por exemplo, o famoso amigo negro engraçado em filmes de comédia ou o amigo gordo que sempre está com preguiça. Essa discussão fica muito mais clara em um post nosso falando sobre como as novelas brasileiras retratam os negros.
Há também outra questão muito importante: uma série, por exemplo, pode possuir uma boa representatividade feminina, mas não possuir nenhuma representatividade negra, LGBT ou gorda, podendo até reproduzir alguns preconceitos. Esse é o caso da famosa série americana Gilmore Girls que quebrou preconceitos ao introduzir uma protagonista que engravidou na adolescia, criou a filha sozinha e apresenta diversas inseguranças. Entretanto, a série que te traz personagens como Rory Gilmore, Paris Geller e Lorelai Gilmore, falha em não te trazer nenhum personagem gay ou negro que tenha alguma importância de fato.
Lorelai e Rory (Girlmore Girls). Foto: Neil Jacobs, via The Verge
Tendo isso em mente, fica bem mais claro compreender sua importância para as minorias socais, já que tais pessoas sempre foram excluídas de toda a forma de indústria. Não são poucos os famosos que apoiam a bandeira da representatividade e se colocam como exemplos. A cantora Iza, por exemplo, em uma entrevista para o Geledés, conta sobre sua experiência como mulher negra e como quer ser um modelo para outras jovens negras. Outro exemplo disso, é a atriz Leslie Jones, que relata como a humorista Whoopi foi importante para sua entrada no meio artístico como atriz e também humorista.
Contudo, a representatividade não tem só uma importância social. Na realidade, ela é extremamente importante para a construção da autoestima. Autoestima nada mais é do que a forma como a pessoa se enxerga no mundo, incluindo habilidades, personalidade e formas físicas.
A baixa autoestima pode trazer problemas que vão de complicações físicas como gastrite, dores de cabeça e musculares, ao desenvolvimento de doenças psicológicas como depressão e ansiedade
Ter uma autoestima saudável significa um bom relacionamento consigo mesmo e com as pessoas ao seu redor, uma boa segurança e confiança em suas decisões e julgamentos. Parte da formação da autoestima está ligada com os modelos que temos no decorrer de nossa vida. Uma representação midiática fiel a realidade e que mostre jovens negros, gays, gordos e pobres de maneira real é muito importante para que eles se construam de uma maneira mais clara e leve, compreendendo que não há problema nenhum na cor de sua pele, na sua orientação sexual, gênero ou forma física e que nada disso os limita.