Doug Kuro, desenhista de rua e designer de animação
Por trás dos desenhos, a busca de valorização da arte
Na Avenida Paulista, em São Paulo/SP, podemos encontrar Douglas da Silva Gomes, de 35 anos, desenhando pessoas que passam por lá. Com todo seu carisma, ele envolve o público enquanto os retrata em uma folha de sulfite, com uma simples caneta hidrográfica preta.
Desenho de Doug Kuro, 25/10/17. Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
O artista negro e que vive da arte de rua, mais conhecido como Doug Kuro, conta já ter sido discriminado. “Recebo um olhar ou uma reação ríspida, por mais que eu me apresente da forma mais educada possível, sempre tem aquela resposta bem seca e negativa”. Apesar do preconceito, ele estimula as demais pessoas negras que estão em busca de seu espaço a não desistirem e continuarem correndo atrás de seus sonhos.
Desde criança, Kuro se interessa pela arte de desenhar, e teve suas primeiras referências assistindo desenho animado. Além de expor suas ilustrações nas ruas, ele também produz suas próprias animações gráficas. Nessas produções, sempre há personagens negros para ilustrar as histórias que ele exibe em seu canal no YouTube “Doug Kuro”. Um de seus sonhos é “viver apenas de desenho animado”, o artista revela.
O artista Doug Kuro após produzir mais uma de suas caricaturas. Foto: Fabiana Farias
O desenhista explica o significado de seu nome artístico, que apresenta originalidade e representação da identidade negra: “‘Doug’ é abreviação de Douglas, e ‘Kuro’ significa preto em japonês”. A sua experiência nas ruas como artista é grande. “Perdi as contas de quanto tempo trabalho assim, nunca parei para pensar nisto.” Sem se importar com o passar dos anos, dedica-se às suas criações, nas quais tem toda liberdade.
Por meio de seu trabalho, Doug busca incentivar os jovens a produzirem suas próprias animações, como forma de fortalecer e fazer com que as produções brasileiras cresçam. Vivemos em uma sociedade que vem há séculos buscando trabalhos estrangeiros, não só no âmbito dos desenhos animados mas na arte em geral, e não valoriza o que o brasileiro tem a oferecer em sua essência artística popular de raiz.