“Quais foram os vestidos do Globo de Ouro?”
Na noite da premiação de 2018, vestidos pretos chamam atenção do público à luta contra assédio
No ano passado Hollywood foi bombardeada com denúncias de assédio sexual. Um dos principais casos foi o de Harvey Weinstein, que recebeu dezenas de acusações. As delações feitas majoritariamente por atrizes serviram de inspiração para mulheres do mundo todo. A manifestação que trouxe ao Globo de Ouro artistas vestidos de preto, prestava apoio ao movimento Time’s Up, uma ação contra assédio e em favor da igualdade de gênero no ambiente de trabalho.
Além de vestirem preto e usarem um broche com o emblema da Time’s Up, atrizes levaram convidadas ativistas para a premiação. As acompanhantes eram figuras importantes para a luta contra sexismo e hegemonia masculina.
Viola Davis exibe seu black power na premiação. Foto: Steve Granitz para a WireImage, via El País
O discurso mais emblemático foi de Oprah Winfrey, que ganhou o prêmio Cecil B. DeMille. Ela destacou o movimento Time’s Up e seu papel na vida de todas as trabalhadoras, como também levantou questões raciais. A apresentadora e atriz falou da importância da representatividade na arte, contou sobre um episódio de sua infância em que pôde se sentir identificada por Sidney Poitier, o primeiro ator negro a ganhar um Oscar.
Oprah abriu a discussão para citar um caso de estupro coletivo sem consequências legais, que aconteceu com Recy Taylor, uma mulher negra, no Alabama, em 1944.
Oprah Winfrey segurando seu Globo de Ouro. Foto: Kevin Winter para a Getty Images, via AdoroCinema
Apesar da edição 2018 ter levantado discussões sociais atuais, o Globo de Ouro não trouxe tanta representatividade. Dentre as 87 indicações, o número de não brancos participando da premiação foi de apenas nove.
Na categoria “Melhor Direção”, a premiação raramente foge das personalidades masculinas, e neste ano nenhuma mulher foi selecionada. A atriz Natalie Portman ironizou as escolhas. O jornal O Globo aponta três diretoras de cinema de 2017 que poderiam ter sido indicadas, como “Dee Rees, que dirigiu ‘Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi’, Greta Gerwig, que assina o comentado ‘Lady Bird’ e Patty Jenkins, de ‘Mulher Maravilha’”.