top of page

Festival com linhas tênues

Ketley Paixão

O abuso de prazeres nas ‘brincadeiras’ entre os foliões

 

Com muita alegria, danças, bebidas e fantasias, o carnaval é o momento no qual se extravasa todos os sentimentos que, geralmente, são contidos no restante do ano. Entretanto, há abuso dos prazeres. Uma parcela da população compreende que pode se aproveitar do período para cometer assédios, abusos e violências de caráter racista, LGBTfóbico ou sexual.


Nessa época do ano, a diversão carnavalesca se torna uma péssima lembrança para pessoas como Tati Dias, que foi vítima de assédio. O caso aconteceu em 2018 em um bloquinho de carnaval no Parque Ibirapuera, em São Paulo, os rapazes a assediaram e apenas pararam depois da intervenção do acompanhante da vlogueira. Ela conta ter se sentido impotente por suas negativas não terem sido ouvidas.


Tati Dias e seu acompanhante no bloquinho do Parque Ibirapuera, 2018. Foto: Reprodução/Arquivo pessoal


Dados liberados pela Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) em 2017, revelam que os casos de violência sexual registrados no país obtiveram um aumento de 88% no carnaval do ano passado. Foram recebidas 2.132 ligações com relatos de assédio entre os dias 25 e 28 de fevereiro, sendo que mais da metade das denúncias foram relativas à violência física (53,4%), e outros casos referiram-se também à violência psicológica (31,4%).


A festa só começa quando a trupe está devidamente caracterizada, brilhos e diversos adornos completam a brincadeira, mas nem sempre trazem consigo um resultado positivo como a fantasia utilizada pela youtuber Tata Estaniecki para o baile de carnaval da revista Vogue, na última quinta-feira (1°).


A digital influencer utilizou um acessório que fazia referência a uma máscara de tortura aos escravos - que os impedia de se alimentar -, e promoveu reações negativas dos usuários nas redes sociais devido à valorização do racismo praticada por sua fantasia. A youtuber se pronunciou sobre o ocorrido em seu Instagram Stories: "estou vendo alguns comentários nas minhas fotos, nunca quis ofender ninguém, peço desculpas se interpretaram por esse lado", apagando as fotos e todos os vídeos do baile do aplicativo em seguida.


Infográfico: "Dados da violência contra a mulher no Carnaval". Fonte: registros fornecidos pela Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, via Folha de S.Paulo e SPM-PR. Infografia: InCultura


Para que as porcentagens dessas violências diminuam durante a comemoração deste ano e o preconceito seja combatido, foram criados projetos para contribuir com a realização das denúncias de violências nos blocos de rua, sendo elas sexuais, raciais ou LGBTfóbicas. No Rio de Janeiro e na Bahia, por exemplo, postos para denúncias serão disponibilizados nas proximidades dos maiores bloquinhos, além de postos móveis que estarão circulando pelos blocos de bairros.


Flash tattoo “Uma mina ajuda a outra”. Foto por: Humberto Araújo/Divulgação


Além dessas práticas, foi criado o projeto #FoliaComRespeito, que visa a distribuição de flash tattoos e cantigas que denunciam os abusos cometidos na festividade. Com o apoio de 33 blocos alternativos pretendem empoderar as minorias e pregar o sentimento de respeito que deve existir em todas as épocas do ano.


 Siga o INCULTURA: 
  • Curta nossa página no Facebook!
  • Siga nosso perfil no Instagram!
  • Siga-nos no Twitter!
 POSTS recentes: 
 procurar por TAGS: 
bottom of page