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Mulheres também comemoram golaços

Ketley Paixão

A conquista feminina pela igualdade no mundo do futebol

 

Com o final do Carnaval, as atenções foram voltadas ao segundo grande evento de 2018: a Copa do Mundo. O verde e o amarelo, as cornetas, as ruas pintadas e o desespero pelo hexacampeonato do Brasil na disputa estão cativando e afligindo os desportistas, torcedores e até mesmo aqueles que não torcem para nenhum time fora dessa época.

Porém, os gritos apaixonados decorrentes dos golaços são menosprezados quando feitos por mulheres, visto que o pensamento masculino com relação ao assunto é de que: “Mulher não entende de futebol, não sabe discutir sobre. Mulher só argumenta se o jogador é bonito ou não. Afinal, mulher sabe o que é impedimento?”. Opa, queridos, elas podem gostar e entender de futebol, sim!

A emoção das torcedoras durante Brasil x Camarões, partida da fase de grupos da Copa do Mundo de 2014. Foto por AFP, via Band.com.br


E podem ir ao estádio desacompanhadas de alguém do sexo oposto. Recusar-se a sair no domingo às 17 horas por conta do jogo daquele campeonato sensacional. Assistir ao VT do jogo enquanto faz as unhas. E, perceba como eles ficarão inconformados se você souber dizer sobre algum jogo antigo da Champions League, da tabela do Brasileirão, dos times que estão na semifinal da Sul-Americana e na final da Copa do Brasil.

O sexo feminino ainda é minoria no meio esportivo, e segundo dados do IBGE de 2010, do total de 192,4 milhões de brasileiros, 98,2 milhões eram mulheres, e desse conjunto, 67,6 milhões se declararam torcedoras de algum time de futebol. Os números também foram analisados pela Pluri Consultoria, empresa referência nos estudos sobre o futebol brasileiro, que afirma que neste mesmo ano, 68,9% da torcida eram mulheres, mas eram ignoradas em outros segmentos dos clubes.


Infográfico "Porcentagem de mulheres nas principais torcidas do Brasil". Dados: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e Pluri Consultoria, via Globoesporte.com. Infografia: InCultura


Já uma pesquisa de 2015 realizada pelo IBOPE avaliou que 82% da população citou o futebol como primeira paixão, sendo um resultado considerável. Entretanto, a novidade foi o alto número de mulheres, 72%, que compartilham do mesmo amor. Consequentemente, estima-se que em 2018 esse número tenha um aumento relativo, mas ainda não há um estudo recente para comprovar essa alteração.


Um levantamento realizado pela revista Época mostra que as três maiores torcidas do Brasil: Flamengo, Corinthians e São Paulo, possuem respectivamente 7%, 19% e 10% de mulheres em seus programas de sócio-torcedor. Os números continuam baixos em outros times.


"Timbuzeiras", torcida feminina composta por apaixonadas pelo Náutico. Foto: Arquivo pessoal, via Federação Pernambucana de Futebol


Além do descaso com as mulheres na torcida, é perceptível também a falta de personalidades femininas que abordam o futebol na mídia. Uma exceção foi Regiani Ritter, uma das primeiras repórteres do meio esportivo pela Rádio Gazeta em 1983. Ritter passou a narrar os jogos anos mais tarde, o que possibilitou sua participação como produtora e comentarista do programa “Mesa Redonda”, na TV Gazeta.


Mesmo com esse caso que promoveu resultados excelentes, ainda não se vê uma abertura para as jornalistas participarem desse meio. Pensando nisso, o canal Fox Sports em conjunto com a comunicadora Vanessa Riche criaram o projeto Narradoras, que pretende encontrar mulheres para narrar a Copa do Mundo 2018. O resultado é mais do que necessário visto que “estamos em um país com resistência à participação de mulheres no futebol”, diz a jornalista. “Veremos uma coisa inédita: uma mulher narrando a Copa do Mundo. Estou muito animada!”, completa.


Torcedoras do Bahia durante partida na Fonte Nova. Foto: Divulgação por Itaipava Arena Fonte Nova, via Varela Notícias


O futebol deixou de ser aclamado somente pelo público masculino há muito tempo. Hoje, as manas também vão ao estádio, vibram, gritam e comemoram a vitória do seu time. O que resta agora é ter o apoio do quórum de torcedores e comunicadores para demonstrar que o esporte deixou de atingir somente um pólo. E, mais do que nunca, reconhecer que o jogo é muito significante para ambos os sexos e que torcer se torna ainda melhor quando, independente do gênero, estão todos unidos por um mesmo clube.


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