Mulheres e rótulos
Vida e obra: fundamental para o feminismo
A francesa Simone de Beauvoir, considerada revolucionária para sua época, já que desde a infância percebia as diferenças de tratamento entre meninos e meninas dentro da sociedade, tornou-se uma das principais mulheres que tiveram influência no pensamento feminista.
Simone de Beauvoir. Foto por Hulton Archive, da Getty Images
Nascida em uma família tradicional no séc. XX, seu pai era ex –membro da aristocracia, e sua mãe fazia parte da alta burguesia, Beauvoir estudou em uma escola católica até seus 17 anos. A filósofa enfrentou algumas barreiras por seus pais serem religiosos, então optou começar seus estudos em matemática no Instituto Católico de Paris, e letras no Sainte-Marie de Neuilly. Em seguida ingressou em filosofia na Universidade de Sorbonne em Paris, área em que seguiu carreira.
Simone, aos 15 anos, decidiu que seria escritora, escreveu ensaios, romances, biografias e monografias sobre questões sociais, políticas e filosóficas. Um dos seus livros mais consagrados foi “O Segundo Sexo”, publicado em 1949, que aborda a opressão que as mulheres sofrem, além de fundamental como tratado feminista contemporâneo, é considerado por muitos a “Bíblia do feminismo”. Visto como agressivo pela época, a publicação fez parte da lista negra do Vaticano.
Palavras escritas à mão por uma Revolucionária. Paris, 1948. Foto por: Gisèle Freund
Ela era ateísta, rejeitava burguesia, hierarquias e cerimônias da elite, em sua juventude tomou a decisão de não se casar e nem ter filhos. Durante 50 anos manteve relacionamento aberto com Jean-Paul Sartre, seu companheiro, também intelectual. Não aptos à monogamia, tiveram diversos parceiros sexuais, o que foi um escândalo. Esses e outros dogmas, ela expõe e relata em sua obra “Memórias de uma moça bem-comportada” de 1958.
A revista política “Les Temps Modernes” teve grande importância para difusão de suas ideias, promovendo sua carreira. O veículo foi fundado por Beauvoir e seus amigos de universidade, Sartre, Merleau-Ponty e Raymond Aron, ela exerceu o cargo de editora até sua morte, em abril de 1989.
1º de outubro de 1945 - Primeira edição da revista Tempos Modernos. Foto: Reprodução/Filosofia Feroz
Dona de pensamentos revolucionários na década de 1920, seu papel foi significativo para a emancipação da teoria feminista, ficou mundialmente conhecida pela frase “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”, em que explica a constituição feminina, formada por padrões e estereótipos impostos por um mundo predominantemente machista, que enxerga a mulher como o “sexo frágil”, secundário e inferior. Suas obras foram e são essenciais para que mulheres começassem a se libertar das amarras sociais.