Por Marielle, estamos todos presentes!
A luta pelos direitos humanos ainda não acabou
Nos últimos dias, as manifestações nas ruas do Brasil têm se tornado um verdadeiro desafio para o Governo de Michel Temer, devido à aposta da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Mas há um motivo além, e este possui nome e sobrenome: Marielle Franco.
Mulher. Negra. Nascida e criada no Complexo da Maré no Rio de Janeiro. Mãe solteira. Bissexual. E, por fim, ativista dos direitos humanos. Marielle era a representante do povo carioca, sendo a quinta vereadora mais votada na sua estreia nas urnas em 2016. Mas, foi assassinada a tiros junto ao seu motorista na última quarta-feira (14).
A simples e ativista, vereadora Marielle Franco. Foto por Mídia NINJA, via PSOL
O crime aconteceu na Rua Joaquim Palhares, no Estácio, o motorista que conduzia a vereadora era Anderson Pedro Gomes. De acordo com a imprensa carioca, Marielle ainda estava acompanhada de sua assessora Fernanda Chaves, que sobreviveu. Os relatos dão conta de que os criminosos abriram fogo contra o carro, na qual as principais hipóteses são crime de mando ou execução.
Ainda não se sabe o motivo de sua morte, mas diversas interpretações foram levantadas, a principal delas é a de que o assassinato refere-se a um crime político. Segundo muitos apoiadores da vereadora, os policiais militares são os principais suspeitos. A hipótese se dá pelo fato de Marielle ter denunciado a truculência da Polícia Militar em Acari, na periferia do Rio de Janeiro.
Cartaz de um dos manifestos em homenagem à vereadora Marielle Franco. Foto: Reprodução/Blog do Esmael
O PSOL, partido que apadrinhou a vereadora, lançou um pedido de apuração da morte: “Exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos!”. O caso necessita de uma resposta rápida das autoridades, pois esse é um chamado por justiça, assim como outros homicídios decorrentes de casos semelhantes.
Um símbolo global
Além do debate brasileiro sobre o caso de Marielle, mais de cem ONGs e entidades internacionais se unem para denunciar o Brasil na ONU. Na última terça-feira (20), o Conselho de Direitos Humanos da organização alegou que “muitos que falam a verdade ao poder no Brasil enfrentam violência e estigmatização sem precedentes, já que o país está no topo das mortes dos defensores”.
Escadaria da Rua Cristiano Viana, em Pinheiros, São Paulo/SP, com a foto da vereadora do PSOL e cartazes de protesto. Foto por Paula Paiva Paulo, via G1
Deputados da Europa condenaram o país para diversos comitês do Parlamento Europeu, e pediram para “[...] que as autoridades no Brasil garantam a integridade física e psicológica de defensores de direitos humanos no país”, prevenindo esse tipo de ataque.
Famosos também comentaram o caso, solidarizando-se com a situação. A atriz Viola Davis, que também luta pelos direitos humanos, postou em seu Instagram uma mensagem sobre o assassinato da vereadora: “Acabei de ler sobre essa mulher corajosa #MarielleFranco, que lutou pelos direitos dos pobres nas favelas. Estou com vocês e lutando com vocês Brasil!! Viva Marielle e Anderson!!!”.
Arte empoderadora com o rosto de Marielle, em sua homenagem. Foto: Ilustração por Nath Araújo
Além de Viola, muitos outros artistas internacionais abordaram o caso, inclusive a cantora Katy Perry, que se apresentou no país no último final de semana, fez uma homenagem em seu show no Rio de Janeiro, no qual dedicou a canção “Unconditionally” à cidade, neste momento, uma foto da vereadora foi exibida no telão.
A luta não acabou
A comoção foi mundial, além de reacender a luta pelos direitos humanos, ilustrada pelas multidões que se reuniram no centro do Rio de Janeiro e em outras capitais do país. Os atos demonstram que a população exige continuidade às suas bandeiras: o fim da intervenção federal no RJ; o fim da guerra contra as drogas, ligada diretamente e apenas às favelas, que atinge milhares de jovens negros e pobres todos os anos; e o combate ao racismo e machismo institucionais. Marielle? Presente!