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Uma mulher resistente aos padrões sociais

Caroline Almeida

Personalidade e intimidade: o peso da vida expresso no surrealismo

 

Um ícone estampado em todos os lugares, mas muitos desconhecem sua importância e origem. Frida Kahlo foi marcada por estar à frente de seu tempo, umas das mais consagradas figuras da arte mexicana, que transformava suas dores e frustrações em arte, além de ser conhecida como símbolo para o feminismo.


Desde sua infância foi acometida por uma série de doenças, com seis anos idade contraiu poliomielite, que deixou sequela em seu pé esquerdo, passou a usar sapatos com um salto maior que o outro para alinhar sua altura. Aos 18 anos, sofreu um trágico acidente em um bonde, teve sua coluna quebrada, várias fraturas e o útero perfurado, período em que passou por 35 cirurgias, e a usar coletes ortopédicos. Mais tarde, precisou amputar sua perna, momento em que sofreu uma forte depressão.


Os olhos que refletem a dor. Foto de 1939, capturada por Nickolas Muray, via site oficial do fotógrafo


Por ter crescido em meio à Revolução Mexicana, tinha orgulho de narrar os conflitos da época, assim descreve no seu diário: “Em 1914, as balas passavam zunindo. Ainda hoje ouço aquele som sibilante extraordinário”. Frida, uma mulher de personalidade forte, que não atendia às expectativas de uma sociedade da década de 1920, entrou para o Partido Comunista Mexicano em 1928.


No mesmo ano conheceu o muralista Diego Rivera, com quem casou-se rapidamente. Foi um casamento conturbado, pois seu marido a traía constantemente. Ela, que era bissexual, passou a se relacionar com outras mulheres, inclusive com amantes de seu parceiro. Anos mais tarde, ao se separar, Frida manteve um caso secreto de quase um ano com o intelectual marxista, um dos líderes da revolução russa, Leon Trotsky.


Disse Frida: “Diego, houve dois grandes acidentes na minha vida: o bonde e você. Você sem dúvida foi o pior deles”. Obra Diego e eu (1949). Foto: Reprodução/Culturizando

Antes da tragédia ocorrida no bonde, ela frequentava a Escola Nacional Preparatória do Distrito Federal do México, assistia aulas de desenho e modelagem. Quando ficou presa a uma cama durante sua recuperação, seu passatempo foi pintar, e neste momento surgia uma grande artista. Apesar de ser uma pintora extraordinária, sofreu discriminação por ser mulher, e, incluída na militância pelos direitos femininos, logo conquistou certo espaço no meio artístico. Por mais que ela tenha ganhado visibilidade, ainda assim não era reconhecida como os artistas homens.


Em suas obras, expressava a realidade da vida dela, e cada uma preserva viva memórias e dores, principalmente de abortos sofridos, que a deixavam frustrada por não conseguir ser mãe. Suas pinturas também trazem temas como seu casamento, bissexualidade, e figuras do folclore mexicano. O universo de surrealismo de Kahlo possui múltiplos símbolos, marcando a identidade própria da artista.


A dor da perda, retratada na obra Henry Ford Hospital ou A cama voadora (1932). Foto: Reprodução/Culturizando

Hoje ainda sofremos com a imposição de padrões femininos, e Frida sempre se manteve distante deles, por ter comportamento e postura que fugiam do idealizado, mantendo sua monocelha e buço. Viveu três anos em Nova York, mas continuava a usar roupas típicas mexicanas, preservando sua cultura e personalidade. Ela também fez aparições com vestes masculinas, uma delas está registrada em uma foto de família. Tornou-se referência para as mulheres de todo o mundo, principalmente as que admiram seu trabalho e força. Em 2012, quase 60 anos após sua morte, a revista “Vogue” lançou uma capa como homenagem, mostrando que sua influência ainda presente inspira nossas gerações.


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