Pioneira do voto feminino no Brasil
- Caroline Almeida
- 21 de mai. de 2018
- 2 min de leitura
Bertha Lutz: contribuições e implantação do feminismo
A cientista e feminista Bertha Lutz teve papel fundamental para a conquista dos direitos das mulheres por meio de atos e movimentos políticos nas décadas de 1920 e 1930 no Brasil, sendo a segunda mulher a ocupar um cargo público no País. Ela também contribuiu para inclusão da temática sobre gênero na carta da ONU e estudos na área da ciência.

Bertha Lutz, uma mulher marcada pela atuação política. Foto: Reprodução/Wikimedia Commons
Bertha nasceu no Brasil, mas foi criada e educada na Europa, formou-se em Ciências Naturais na Universidade de Paris. Neste mesmo período começou a ter contato com a militância feminista, em meio às campanhas do movimento das Sufragistas, que ganhava força na Inglaterra. Após retornar ao seu país natal, em 1919, prestou um concurso público, concorrendo com dez homens, e foi aprovada e admitida como secretária do Museu Nacional, mais tarde foi chamada pelo diretor para auxiliar na seção de botânica, seguindo uma carreira promissora como bióloga e pesquisadora.
Simultaneamente, embarcava na política ao criar a Liga de Emancipação Intelectual da Mulher, firmando as bases do feminismo no País. Em 1922, foi realizado no Rio de Janeiro o 1º Congresso Internacional Feminista, no qual consolidou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, em que ela era presidente, organização que teve forte atuação para a conquista do voto feminino, em 1932, na Era Vargas.
Leia também:
No ano seguinte, formou-se na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, com o objetivo de aprofundar o estudo dos direitos legais da mulher. Lutz também candidatou-se para deputada federal, mas não conseguiu eleger-se. Somente em 1936, com a morte do titular Cândido Pessoa, assumiu o mandato, com o título de segunda mulher a ser deputada. Ela priorizou reformular as leis trabalhistas da mulher, garantindo igualdade salarial, licença-maternidade e a diminuição da jornada de trabalho. Sua atuação legislativa durou até novembro, devido o decreto do Estado Novo.
Por seu interesse nas causas feministas, representou o Brasil em diversas assembleias internacionais, inclusive na Conferência de São Francisco, em 1945, quando foi redigida a Carta das Nações Unidas, o documento que originou a ONU, momento em que ganhou notoriedade por atribuir defesa da igualdade de gênero e incluir oficialmente a palavra “mulher” no texto. A última ação realizada por Bertha para melhores condições femininas foi também em 1945, quando o governo a convidou para integrar-se à delegação brasileira no primeiro Congresso Internacional da Mulher da ONU.

Lutz na Conferência de São Francisco representando a delegação do Brasil (1945). Foto: Reprodução/Acervo “O Globo”
Ela também participava ativamente na defesa do conhecimento científico do combate às doenças, proteção à natureza e conservação da fauna e da flora brasileira. Além de ter marcado a história como mulher brasileira, ela é internacionalmente reconhecida por sua pesquisa científica de zoologia, das espécies anfíbias. Hoje podemos conhecer mais sobre essa ativista política no Museu Virtual Bertha Lutz, que reúne alguns dos seus documentos pessoais.
Comments