Mulheres no leme
Um encontro com a música e a representatividade feminina
Um projeto produzido por e para mulheres, o “Elas, que navegam” é uma programação diferenciada, acontece em noites de terças-feiras, quebrando a rotina no meio da semana, e que vem abrindo as portas para o cenário musical feminino em pequenos palcos de São Paulo. O evento que teve sua primeira edição em janeiro deste ano, surgiu de uma ideia entre a produtora Natt Camargo e a fotógrafa Lorena Rezende.
Casa lotada em mais uma edição do “Elas, que navegam”. Foto: Lorena Rezende
Os primeiros esboços foram criados ao perceber a falta de visibilidade e espaço para que mulheres possam se apresentar. Natt fala sobre o processo de criação, “na época a cantora Bruna Mendes estava aqui em São Paulo, e a (banda) Marujos, que são duas meninas muito boas, também estavam, e pensamos em fazer um evento com elas. Foi de um dia pro outro, num domingo à noite a gente organizou, na segunda-feira divulgamos e na terça já era o evento”.
O nome foi pensado para que remetesse a “Casa Barco”, local em que ocorre o evento, e que tivesse relação com as mulheres que protagonizam no palco. Em meio a uma conversa foi sugerido “Elas, que navegam”. “A gente achou tudo a ver, porque é um dia das mulheres no leme”, Lorena comenta a escolha.
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O projeto tem como objetivo fortalecer o movimento e o cenário da música feminina, que vem crescendo e que precisa ser divulgado, além de unir mais as mulheres. O coletivo feminista “As Mina Tudo”, que tem os mesmos ideais, tem agregado a esta programação, divulgando e reunindo um público de mulheres da música cada vez maior.
Com uma dinâmica variada, a cada edição trazem artistas diferentes, mesclando com algumas de fora de São Paulo. O evento não cobra entrada, ele funciona à base de cachê colaborativo recolhido no chapéu que é passado, uma forma de incentivar a valorização da arte, e as artistas recebem através dessas contribuições.
Idealizadoras do "Elas, que navegam", Lorena Rezende e Natt Camargo. Foto: Caroline Almeida
Pela Casa já passaram 12 artistas divulgadas, fora as participações especiais, sem contar pessoas que expõem suas produções artísticas. Na quarta edição, a pintora Olívia AF foi convidada para fazer live paint (pintura ao vivo), já na última edição, realizaram um brechó durante o evento. Lorena explica como tem funcionado, “bom a gente está super aberto a arte, exposições de foto, de imagem e poesia. Tanto que tudo que foi criado aqui, foi doação, só compramos as luzinhas, todo o resto é sustentável, tem o pedacinho de cada amigo nosso aqui dentro”.
Simpatia e harmonia das artistas. Foto: Lorena Rezende
Caminhando para sua 6° edição, Natt e Lorena tem planos de ampliar o “Elas, que navegam” e realizar um festival por meio de patrocínio e parcerias, a fim de obter um reconhecimento maior para as mulheres. Em meio às expectativas do futuro, pretendem trazer as principais artistas que passaram pelo projeto no início, e abrir mais espaço para exposição artística, em uma casa de show maior. Até o final deste ano serão lançadas ações em prol o festival.