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Mestre equilibrista

Amanda Narangeira

A desvalorização de professores que ameaça o futuro educacional do Brasil

 

Contratado pelo Instituto Todos Pela Educação e Itaú Social, o Ibope entrevistou 2.160 professores em 2018, e mais da metade não recomenda a própria profissão aos jovens, pois consideram-a desvalorizada. 49% dos entrevistados “certamente não recomendariam”, sendo os motivos mais listados a desvalorização, o salário e a falta de reconhecimento.


De acordo com a pesquisa, 76% dos professores compreendem que é papel da Secretaria de Educação oferecer oportunidades de formação continuada. Dos entrevistados, 66% acreditam que os programas educacionais como um todo não estão alinhados a realidade da escola. 72% acreditam que não há um bom canal de comunicação entre gestão e os docentes, sendo que os professores não tem nenhum envolvimento nas decisões relacionadas a políticas públicas, e ainda 84% apontam que não possuem apoio com questões psicológicas e de saúde.


A foto intitulada "Em defesa da Democracia", mostra uma professora com dedo em riste, diante de soldados da tropa de choque da Polícia Militar, após ser quase atingida por uma bomba, durante manifestação em Outubro de 2013, na Cinelândia, Centro do Rio. Foto: Fábio Motta, da sucursal do Rio de Janeiro do jornal O Estado de São Paulo.

De acordo com a pedagoga Janaina Spolidorio, em seu artigo “Por que o professor é desvalorizada?”, são cinco pontos principais que desvalorizam esse profissional. O primeiro diz respeito a uma formação deficitária, em que o futuro docente já sai de uma educação básica que não o faz atingir a formação educacional adequada, e vai para uma universidade muitas vezes até pior em formação.


O segundo ponto é sobre a perspectiva baixa, pois como a educação foi deficitária, muitos professores mantém a metodologia do trabalho de acordo com apenas aquilo que lhe foi ensinado na faculdade, e não faz uma adequação sobre o modo de ensinar conforme a realidade de seus alunos.


O terceiro ponto refere-se aos profissionais da educação depreciarem sua própria imagem, de forma inconsciente. Isso ocorre porque muitos professores para chamarem a atenção de crianças menores recorrerem a infantilização da fala, chamando-se de “titia”, por exemplo. O problema também se apresenta na visão que se passa ao criar escolas com nome “Pimpolho Alegre”, e até blogs com títulos como “cantinho da titia”, que infantilizam o profissional e a instituição. Assim como ninguém chega ao médico pediatra e o chama de “titio”, é necessário dar o ar de seriedade a educação, afinal, esta é uma área extremamente importante e que deve ser valorizada dentro da sociedade.


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O quarto ponto diz sobre o professor ter que ser mais do que professor, porque culturalmente professor é autor, já que precisa criar diversas atividades para seus alunos, é enfermeiro, pois lida com os alunos quando se machucam ou estão com febre; é psicólogo, porque lida com os problemas dos alunos e seus familiares. Se o professor se dedicasse apenas a educação do aluno, o ensino brasileiro seria muito mais efetivo.


E por fim, a falta de incentivo, já que professores não são tidos como influenciadores, não fazem sucesso com os jovens, e acabam perdendo espaço para os grandes influenciadores digitais, que possuem patrocínios e investimentos de grandes empresas.


Além de mestres equilibristas, que seguem na profissão mesmo sendo pouco estimados, fazem parte de uma categoria de trabalhadores ativos politicamente, frequentemente posicionam-se contra decisões e projetos prejudiciais à educação. Por seu ativismo, o professor é alvo de violência do Estado conservador, e torna-se símbolo da luta pelo sistema educacional e futuro do País.

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