Nova série da Netflix quebra tabus e estereótipos
Sex Education cativa o público adolescente por sua abordagem educativa e já tem 2° temporada confirmada
No início de janeiro, a Netflix lançou seu mais novo sucesso teen. Sex Education é uma produção britânica de comédia dramática que inaugura o primeiro trabalho de grande porte da criadora da série e roteirista Laurie Nunn. A primeira temporada conta com oito episódios e seu objetivo é discutir educação sexual na adolescência de forma leve.
O diferencial de Sex Education, em comparação com outras produções cujo tema é adolescência e vida sexual, é o roteiro, que aborda o tema de maneira séria e educativa. Além da série tratar o sexo de forma saudável, também traz outras reflexões importantes como aborto, orientação sexual, LGBTfobia, masturbação feminina, vazamento de nude, autoaceitação e quebra de padrões estéticos.
A série ganha um ponto positivo quando mostra cenas de corpos nus de forma natural, sem que haja sexualização dos personagens. Representações desse tipo abrem margem para discutir as inseguranças do início da vida sexual, como quando o adolescente se compara com um visual idealizado e irreal do cinema, e garantem o bem-estar dos jovens que consomem a série.
Através da construção dos personagens, Sex Education naturaliza a diversidade de comportamentos e identidade dos jovens. Foto: Reprodução/Folha de São Paulo
Sex Education é ambientada no interior da Inglaterra e mostra os dilemas de adolescentes do ensino médio. Apesar de possuir arquétipos de personagens comuns das produções como o nerd, a garota descolada e o atleta, a série não os apresenta de maneira estereotipada.
Asa Butterfield, interpreta Otis Milburn, personagem que norteia a série, um garoto de 16 anos que tem disfunção sexual e não consegue se masturbar. Mesmo sem ter nenhuma experiência sexual, entende sobre sexo por causa de sua mãe, Jean (Gillian Anderson), uma terapeuta sexual. Milburn acaba se juntando a Maeve Wiley (Emma Mackey), a garota mais descolada da escola, para abrir uma clínica de terapia sexual para outros alunos, improvisada no colégio.
O garoto desempenha papel fundamental ao tratar as questões sexuais de maneira madura, o que traz um grande diferencial à produção, ao colocar um menino que também tem seus próprios problemas e fragilidades para ajudar outros adolescentes, fazendo com que o público se identifique com as situações e absorva informações de modo confortável.
Considerado um dos personagens mais carismáticos, o melhor amigo de Otis, Eric (Ncuti Gatiwa) é um garoto gay e que gosta de se vestir de forma extravagante. A série traça uma narrativa diferente ao mostrar as dificuldades do personagem após “sair do armário”, em vez de apresentar o processo da autodescoberta. Ele enfrenta a superproteção do pai dentro de uma família religiosa, questões morais cotidianas e a homofobia. É interessante ressaltar que ele encontra conforto na igreja, o lugar menos esperado, traçando um caminho de amadurecimento.
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O seriado apresenta personagens femininas fortes e decididas, Maeve é a personalidade mais madura e independente da série, por enfrentar as dificuldades de morar sozinha, devido seus problemas familiares. Mesmo sendo a garota mais descolada da escola, ela contraria o estereótipo e mostra-se interessada por obras literárias de autoras feministas como Virginia Woolf. Outra personagem que chama atenção é Lily (Tanya Reinolds), uma menina profunda que envolve o público do início ao fim. Na série, desenha quadrinhos de histórias eróticas e busca ter relações sexuais sem nenhum tipo de vínculo emocional.
O seriado cumpre um papel social fundamental de conscientização dos adolescentes e jovens que estão no início de sua vida sexual e chama atenção para os conflitos psicológicos da vida de meninos e meninas. A rápida repercussão da série por sua linguagem educativa e descontraída vem cativando um público cada vez maior.