Hipersexualização das personagens em HQs e filmes
A cultura de massa que objetifica a mulher e reproduz estereótipos
Ilustradas em poses absurdas, corpos irreais e uma sensualidade totalmente desnecessária. Elas têm poderes que vão desde teletransporte à capacidade de controlar mentes, mas infelizmente, em sua maioria, são representadas dessa forma. Além de costumeiramente brancas e magras, têm seus corpos objetificados e mantêm estereótipos femininos, que são reproduzidos por diretores ou ilustradores quando caracterizam as heroínas com uniformes sensuais e personalidades frágeis.
Ainda não acredita que as heroínas são impostas a essa sexualização? Imagine uma cena em que há um confronto entre o herói e o vilão. O foco estará em mostrar os dois personagens de forma ameaçadora, com olhar de superioridade e destacando suas habilidades. Agora pense no mesmo cenário, mas com duas personagens femininas. As câmeras tendem a captar cada detalhe da silhueta das atrizes diferentemente da primeira situação em que são homens.
Arlequina em “Esquadrão Suicida”. Foto: Reprodução/Rota42
Um exemplo desse cenário acontece constantemente no filme “Esquadrão Suicida”, produção da DC. Em diversas cenas, Arlequina é extremamente sexualizada, até mesmo quando está em combate. Além disso, a personagem vive um relacionamento abusivo com Coringa, que descarrega nela sua raiva e a culpa pelo seu fracasso.
As heroínas e vilãs nas HQs por muito tempo não passavam de estereótipos, fetiches e pontes para o crescimento dos personagens masculinos. Tinham mortes desnecessárias e eram diminuídas. Quando desenhadas nas HQs, possuem os detalhes da virilha e seus seios bem destacados. Suas roupas seguem o modelo justo e curto. “Por que usar uma armadura no meio de uma luta, quando se pode vestir uma minissaia e um salto alto?!”
Uma das heroínas mais conhecidas da Marvel luta em seu traje justo, que delineia suas curvas nos combates: Viúva Negra, que por muito tempo foi a única mulher dentro dos Vingadores, é objetificada desde o início de sua trajetória, em especial nas HQs. Na adaptação para o cinema, mais tarde, ocorre a entrada de Wanda, a Feiticeira Escarlate, entretanto, a heroína enfrenta os inimigos de minissaia e logo assume o papel de cuidadora de um dos personagens do filme, o que a faz deixar de participar das cenas principais de batalha.
HQ da Mulher Gavião: salto alto, meia arrastão e maiô, o traje de luta que expõe as mulheres. Ao fundo, um rapaz bebendo chopp. Foto: Reprodução/Medium
A visibilidade que personagens femininas trazem é inegável. As produções têm caminhado para a construção de heroínas cada vez menos erotizadas. Contudo, a hipersexualização de grande parte das mulheres é presente e precisa ser desnaturalizada e combatida. Figuras como Shuri, Nakia e Okoye, de “Pantera Negra”, são exemplos a serem seguidos pelo universo das HQs e adaptações. Elas não fazem parte da lista de heroínas estereotipadas, e em momento algum deixam de ser fortes e admiráveis.