Avante pela Revolução
O que celebra o Dia do Trabalhador e as movimentações da classe operária
Há 129 anos, o dia 1º de maio é marcado como o Dia do Trabalhador. Em 1886, operários de Chicago, EUA, mobilizaram-se para reivindicar melhorias nas condições de trabalho, o período de greves iniciou-se no primeiro dia de maio e marcou a história para sempre. Três anos após essa grande manifestação, a Segunda Internacional, organização de partidos socialistas, em Paris, instituiu aquela data em homenagem aos trabalhadores.
A visibilidade vinda dessa data estimula a classe trabalhadora a lutar por seus direitos. No Brasil, o 1º de maio passou a ganhar mais envolvimento, e anualmente são realizadas manifestações. A movimentação de trabalhadores mais lembrada e simbólica foi a Greve Geral de 1917, que apesar de ter acontecido em julho, foi fruto de uma nova mentalidade influenciada pela união e força desse grupo. O Dia do Trabalhador torna-se feriado no País em 1924.
Greve Geral de 1917. Reprodução/PSTU
A greve que começou com os funcionários da fábrica Crespi, em São Paulo, no finalzinho de junho de 1917, reverberou até outros trabalhadores. Com a intensificação das manifestações pedindo jornadas mais justas e reajuste salarial, a represália também cresceu. O estopim da Greve Geral foi a morte do operário Martinez, baleado no estômago pela cavalaria. Pouco apoiada pelos jornais à época, a mobilização levou quase metade do mês de julho, paralisou cidades e foi aderida por cerca de 44 mil pessoas.
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Mesmo com o avanço dos anos, manifestações da classe trabalhadora continuam importunando o Estado a ponto deste responder com violência. Em março deste ano, professores e funcionários municipais protestavam contra a reforma da previdência paulistana em frente à Câmara de São Paulo. O ato terminou com manifestantes feridos e truculência policial. Contudo, a ação coercitiva não calou a mobilização, e um dia após o ocorrido, mais pessoas foram às ruas protestar.
Os sindicatos
A mobilização dos sindicatos age na união dos proletários e em negociações com demais entidades para promover mudanças que beneficiem essa classe de forma justa. As organizações sindicais possuem serviços para auxiliar os trabalhadores, como o Assistência Jurídica, Assistência Previdenciária e até alguns cursos. Além dos sindicatos individuais, existem as centrais sindicais, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical são as mais populares, que lutam em prol de diversas categorias.
Em 1906, foi criada a primeira organização sindical brasileira, a Confederação Operária Brasileira (COB). As primeiras lutas sindicais eram pela redução das jornadas e indenização em casos de acidentes de trabalho. A partir da criação da COB até 1917, outras entidades surgiram. As principais pautas desse período passaram a ser iniciativas contra a Guerra Mundial, em confluência com centrais de outros países.
Infográfico: “A evolução dos direitos trabalhistas no Brasil”. Fonte: Rede TVT. Infografia: InCultura
Atualmente, os principais assuntos dos sindicatos no Brasil dizem respeito ao combate à Reforma Trabalhista, aprovada pelo ocupante do Palácio do Planalto, Michel Temer. Entre as mudanças geradas pela Reforma, um ponto afeta diretamente a força sindical: torna-se facultativa a contribuição do trabalhador ao sindicato.
Contudo, é possível discordar dessa nova regra. Pesquisadores da área do Direito, Luiz Guilherme Moraes Rego Migliora e Bruno Leandro Palhares Perez, em uma matéria para o JOTA, discutem a raiz do pensamento para a determinação desse ponto da Lei e traçam uma crítica em relação a ela.
De acordo com os pesquisadores, é comum que o trabalhador não saiba a função de seu sindicato e quais são seus serviços oferecidos. Com a Reforma, esse desconhecimento prejudicaria as ações das entidades. Para conhecer melhor a sua respectiva organização, é possível checar on-line as funções desse órgão sindical.
Ato em Curitiba no dia 1º de Maio. Foto: Francisco Proner. Reprodução/CUT
Neste ano, a principal concentração para a celebração do Dia do Trabalhador aconteceu em Curitiba, em apoio a Lula, preso na capital paranaense há 25 dias. A reunião foi organizada pela união das centrais sindicais do Brasil. Os atos de 2018 foram marcados por manifestações contra a prisão do ex-presidente.