Transexual e periférica
Denúncia e empoderamento no funk carioca
Cantora, atriz e ativista transexual brasileira, MC Linn da Quebrada é uma das personalidades mais importantes para a música LGBT atualmente no Brasil. Por meio do funk carioca, ela traz visibilidade e empoderamento para a população travesti e trans, desconstruindo as questões de gênero e performando feminilidade.
Linn nasceu na periferia da Zona Leste da Capital Paulista, abandonada pelo pai, foi criada pela tia no interior de São Paulo, para que sua mãe pudesse trabalhar. Passou sua infância e parte da adolescência como praticante Testemunha de Jeová, ao se assumir homossexual e logo após trans, enfrentou o preconceito dentro da família e na comunidade religiosa. Mais tarde, saiu de casa e voltou para a cidade de São Paulo, onde começou a se apresentar montada em shows performáticos em bares e boates, iniciando carreira como performer.
Produzida para a coleção “Melissa Meio-Fio”. Foto: Vivi Bacco/Melissa. Reprodução/Instagram
Em 2016, a cantora lançou sua primeira música autoral “Enviadescer”, no YouTube, reivindicando o direito de ser afeminada. Ao longo do mesmo ano lançou mais três canções, “Talento”, “Bixa Preta” e “Mulher”, que denunciam a discriminação e retratam o orgulho travesti e transexual, quebrando os tabus e estereótipos estabelecidos socialmente.
“Bato palmas para as travestis que lutam para existir,
E a cada dia conquistar o seu direito de viver e brilhar” - Linn, em "Mulher"
Aclamada pelo público, embarcou na turnê “Bixarya”, que trazia cerca de doze músicas autorais, na época somente quatro delas foram gravadas em estúdio. Em 2017, a cantora fez campanha para arrecadar dinheiro para a gravação do álbum “Pajubá” e surpreendeu-se com o resultado, que com a ajuda dos fãs, superou sua meta. Alcançando o sucesso, em março do mesmo período foi convidada para participar de um especial do programa “Amor & Sexo”, além de passar a fazer parte da coleção “Melissa Meio Fio”, da marca Melissa.
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O single “Bomba Pra Caralho”, que estreou o seu EP, mostra a realidade violenta sofrida pelos negros dentro das periferias. Ainda em 2017, a artista participou como uma das protagonistas do documentário “Meu corpo é político”, dirigido por Alice Riff, que mostra o contexto social de quatro militantes LGBT das periferias de São Paulo, abordando questões sobre a população trans e conflitos políticos. O filme teve estreia nos cinemas no último novembro.
“Bicha, trans, preta e periférica. Nem ator, nem atriz: atroz. Performer e terrorista de gênero", é dessa forma que a artista se refere, e vem conquistando o público nos grandes palcos do funk e pop, dando voz para a comunidade LGBTQ+ e a população negra. A transexual já gravou música com outros grandes nomes, como a cantora Liniker e Gloria Groove. Juntas representam a comunidade e mostram que não há mais espaço para o preconceito.