Referência do feminismo negro
Símbolo da luta pelos direitos civis da população negra
Uma das principais personalidades da luta negra, conhecida por sua militância pelos direitos das mulheres e combate à discriminação racial e social. A professora e filósofa Angela Davis fez parte de um dos mais importantes movimentos negro, os Panteras Negras, e também participou do Partido Comunista dos Estados Unidos.
Nascida em Alabama, no sul dos Estados Unidos, região marcada pelo forte racismo, conviveu com a discriminação desde cedo. Aos 14 anos, participou de um intercâmbio para estudar em Nova York, por meio de bolsas para estudantes sulistas, foi nesse período que teve contato com o socialismo teórico, mais tarde foi convidada para se juntar a uma organização comunista de jovens estudantes.
Na década de 1960, tornou-se militante ativa dos movimentos negro e feminista, logo filiou-se ao Comitê de Coordenação Estudantil Não Violenta (SNCC), organização realizada por movimento estudantil, e aos movimentos políticos Black Power e os Panteras Negras.
Reprodução: Illustration, Mixed Media
Em 1970, junto aos Panteras Negras, lutava pela liberdade de três militantes negros. Foi acusada por tentativa de fuga, sequestro e homicídio, acusada de ter comprado a arma que levou um juiz a morte, e entrou para a lista do FBI entre os dez fugitivos mais procurados dos Estados Unidos. Ela desapareceu do estado da Califórnia durante dois meses e passou a ser procurada em uma das maiores caçadas dos Estados unidos. Em outubro do mesmo ano foi presa em Nova York, a mantiveram encarcerada por 18 meses. Em Boston, houve manifestações pela liberdade de Angela, com presença dos Rolling Stones, que gravaram a música “Sweet Black Angel”, que falava sobre as questões legais da época e pedia pela liberdade a ativista. No mesmo período, surgiu a campanha mundial “Libertem Angela Davis”, o caso ganhou documentário em 2012, dirigido por Shola Lynch, que traz um panorama da vida da filósofa.
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Em 1980 e 1984, candidatou-se a vice-presidência dos Estados Unidos, pelo Partido Comunista Americano, mas não se elegeu. Deu continuidade à sua carreira como ativista política e escreveu diversos livros, principalmente sobre as condições carcerárias no país. Davis ministra palestras pelo mundo todo, em especial em universidades, sobre o sistema carcerário e a abolição da pena de morte, ela ressalta as questões de classe e raça, já que a maior parte dos presidiários são negros e pobres.
Lançou o livro “Mulheres, raça e classe” em 1986, que aborda a luta contra o sexismo, racismo e capitalismo, sendo uma de suas obras mais importantes. Angela se tornou referência para o feminismo negro e pelos direitos civis da população preta. Ainda hoje, aos 74 anos, discursa em vários países colocando em foco o empoderamento da identidade e papel da mulher negra dentro da sociedade. Por debater sobre mais de uma luta social e suas convergências, hoje é vista como ativista do feminismo interseccional.