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Pioneira e revolucionária

Estefani Panaino

A trajetória de uma das primeiras rappers femininas: Roxanne Shanté

 

Em Queenbridge, Nova Iorque, anos 1980, surgia no cenário musical uma mulher que revolucionou o rap. Desde criança, Roxanne Shanté exercitava o seu talento para rimar. A produção da Netflix, “Roxanne Roxanne”, conta a história da rapper por meio de um filme divertido, mas que não deixa de tecer críticas aos problemas sociais que permearam a vida da artista.


A maior parte de sua infância e adolescência viveu com sua mãe e três irmãs menores, a presença do pai e do padrasto foi traumática, curta e pouco relevante no sentido da criação das meninas. Do início ao fim, o longa problematiza a falta de responsabilidade dos homens e seus atos abusivos.


Personagem Shanté, interpretada por Chanté Adams. Foto: Reprodução/Variety

As condições financeiras da família de Shanté os afastava de privilégios e alguns itens básicos do cotidiano, o estilo de vida deles nos lembra o núcleo principal da série “Todo Mundo Odeia o Chris”, ambientada em Bed-Stuy, NY.


Queenbridge é um conjunto habitacional simples localizado no Queens, foi o berço de muitos outros rappers, que em sua totalidade são negros e trazem visibilidade para essa população no universo da música. O aspecto do local traduziu-se no elenco do filme, que foi composto majoritariamente por atores negros.


Foi nesse conjunto que nasceu Roxanne Shanté, nome artístico da registrada Lolita Shanté Gooden. Em troca de dinheiro, e ainda criança, lançava batalhas de rimas com rappers masculinos muito mais velhos que ela. Com o aprimoramento das técnicas e do seu estilo, passou a ficar conhecida no bairro e lucrar com a derrota dos rivais.


Aos 14 anos, a vida de Shanté vira do avesso quando sua primeira música é bem reconhecida e transmitida em uma rádio. O título de seu primeiro sucesso, “Roxanne Roxanne”, deu origem ao seu nome de artista. Ela, que antes furtava lojas de roupas para se vestir e pagar dívidas, agora é famosa, sai em turnê e ganha um bom dinheiro.


Capa do álbum “Bad Sister” (1989). Foto: Reprodução/JETMag


Mas se apenas essa parte da história resumisse a trajetória de Shanté, ela não seria tão única. Em determinado ponto da narrativa, antes do início do sucesso como rapper, Peggy, mãe da protagonista, passa por um período de depressão e torna-se alcoólatra. Roxanne, que era adolescente, é responsabilizada pelo cuidado das caçulas e da casa. Com tantas atribuições, não foi fácil conciliar o rap e a escola, então deixou os estudos em terceiro plano.


Todos esses antecedentes fizeram com que ela crescesse muito rápido e perdesse a chance de ter uma adolescência comum e saudável. Envolve-se muito cedo com um homem mais velho e enfrenta os dramas de um relacionamento abusivo. Sozinha, precisa se desvencilhar dessa pessoa com quem teve um filho. A protagonista, mulher negra nos anos 80, vinda de família pobre, confronta o marido e passa a levar sua vida de rapper e mãe solo.


Roxanne Shanté atualmente. Foto: Reprodução/Los Angeles Times

A revolucionária Shanté toma atitudes que a torna uma mulher à frente de seu tempo. “Roxanne Roxanne” não é apenas um filme biográfico, ele também carrega fortes críticas. Aponta problemas nas relações de gênero e nos comportamentos masculinos. Quanto à questão racial, relata a realidade da população negra marginalizada, relacionando a desigualdade social com o racismo estrutural. Hoje a artista é referência entre os rappers, e destaca-se por ser uma das mulheres pioneiras no mundo do rap.


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