Poder e protagonismo
“Thor: Ragnarok” traz uma narrativa livre de estereótipos de gênero
A imensa teia de filmes do universo Marvel cresce e cativa mais fãs, as histórias predominadas por personagens masculinos são cenários frequentes da franquia, contudo, “Thor: Ragnarok”, lançado em outubro de 2017, trouxe uma nova perspectiva de gênero no mundo dos super-heróis ao atribuir papéis fundamentais a duas mulheres. A obra que deu vida a uma engrenagem da narrativa da Marvel, também conseguiu cumprir um papel agregador de minorias sociais de forma despretensiosa e agradável.
Apesar de outros longas da Marvel possuírem diversas heroínas, Brunnhilde, uma das protagonistas de “Thor: Ragnarok”, é um exemplo de melhor construção de personagem feminina, que além de obter uma função importante, foi desenhada como uma mulher de personalidade muito forte e independente. Desligada de trejeitos femininos e estereotipados, abandona os trajes curtos e desconfortáveis. A exímia lutadora mantém uma relação profissional com os demais integrantes do grupo, evitando que fosse reduzida ao par romântico de outro herói.
Brunnhilde em batalha. Foto: Reprodução/Aficionados
Brunnhilde tem uma trajetória notável, era líder das Valquírias, deusas encarregadas de levar heróis de guerra que morressem em batalhas gloriosas ao paraíso Valhalla. Os desonrados, entretanto, eram conduzidos ao Hel e tornavam-se responsabilidade de Hela, vilã de “Thor: Ragnarok” e a primeira grande oponente feminina do universo Marvel.
No filme, a origem de Hela diverge dos quadrinhos e mitologia nórdica, descobrimos que a Rainha de Hel é irmã mais velha de Thor e Loki. A poderosa primogênita era uma grande ajudante de conquistas de seu pai, Odin, que passa a temer a tirania e poder da filha e a aprisiona. O longa toma como ponto de partida a libertação da vilã, que inicia o plano de dominar Asgard à moda Deusa da Morte.
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Ainda no âmbito das adaptações, Brunnhilde é ilustrada como uma mulher branca e de cabelos claros nas HQs, mas uma atriz negra foi escalada para dar vida a Valquíria. Apesar do diretor, Taika Waititi, ter dito que a escolha não foi intencional, a interpretação de Tessa Thompson contribui para tornar o filme mais representativo.
A visibilidade LGBT teria a oportunidade de fazer parte desse universo pela primeira vez, Brunnhilde é assumida bissexual nas histórias em quadrinhos e manteve um relacionamento com uma das Valquírias. Contudo, a cena que fazia alusão à sexualidade da personagem foi retirada do longa. Segundo Waititi, o motivo do corte foi para evitar distrações em uma sequência importante. A atriz e o diretor tinham a intenção de colocar algum elemento sobre a bissexualidade da personagem, mesmo que discreta, Tessa acredita que no momento que Valquíria relembra de uma batalha com Hela, uma das guerreiras do flashback faria referência a sua antiga namorada.