Suicídio na juventude
O Brasil ocupa o 8° lugar no ranking no índice de suicídio
O suicídio mata 800 mil pessoas por ano no mundo, 65 mil casos acontecem na América. Desde 2002, o número cresceu em quase 10%, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). O maior percentual de pessoas que se mataram está associado a depressão e transtornos mentais, e em segundo lugar, está o uso de substâncias tóxicas, que podem agravar a situação psicológica do indivíduo.
O Brasil está em 8° lugar no ranking da taxa de suicídios no mundo desde 2014. Especialistas apontam que as causas estão ligadas a depressão, abuso de drogas e álcool, bullying, violência sexual e doméstica, já que trata-se de um país de baixa renda, portanto, com falta de infraestrutura no sistema público para investimentos no cuidado da saúde mental, clínicas de reabilitação e centros de apoio a mulheres que sofrem com a violência decorrente do machismo.
De acordo a OMS, o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 25 anos. A especialista Dayse Miranda, coordenadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção da UERJ, destaca que entre esta faixa etária, os jovens sofrem mais com a pressão social, é período em que os adolescentes começam aprender a lidar com problemas emocionais, preocupação de ingressar em uma faculdade e passam a ter mais responsabilidade em busca de estabilidade financeira.
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Entre as causas que levam ao suicídio, o bullying é bastante expressivo e afeta mais a jovens negros, gordos, LGBTs e que não estão inclusos em padrões sociais. O último caso de notoriedade de suicídio entre jovem aconteceu no final de agosto deste ano, quando Jamel Myles, garoto de 9 anos, vítima constante de bullying por ser gay, foi encontrado morto em casa, nos Estados Unidos.
Um levantamento publicado pela Ipsos, empresa de pesquisa e inteligência de mercado no mundo, revela que o Brasil é o segundo país com maior índice de casos de cyberbullying, e mostra que crianças e adolescentes são hostilizados em suas redes sociais diariamente.
Em maio deste ano, Dielly Santos, de 17 anos, vítima de gordofobia, suicidou-se após ser alvo de comentários ofensivos. O caso chocou muitos internautas pela quantidade de mensagens negativas que a garota recebia através das redes sociais depois de sua morte. A YouTuber Alexandra Gurgel, ativista do movimento Body Positivity, gravou um vídeo alertando sobre a gravidade das agressões verbais.
Romantização e banalização
A romantização em seriados de TV, podem trazer o suicídio como uma solução para os problemas. Um dos casos mais recentes é a série da Netflix “13 Reasons Why”, lançada no ano passado, que recebeu inúmeras críticas de psiquiatras por apresentar uma narrativa problemática ao glamorizar o suicídio, culpabilizar pessoas ao redor da protagonista e retratar de maneira explícita a morte da personagem.
De acordo com um estudo publicado no periódico científico da revista acadêmica Journal of the American Medical Association (JAMA), após o lançamento da série, a busca por “suicídio” no Google aumentou em 19%, palavras chave como: “como se suicidar” subiram em 26% e “como se matar”, em 9%. Psicólogos e suiciologistas argumentam que mostrar cenas explícitas não evitam o suicídio, o resultado é um descuido com pessoas que possuem tendências suicidas.
Setembro Amarelo foca no combate ao suicídio, disque 188 para procurar ajuda. Imagem: InCultura
A internet tornou-se um espaço para hospedar conteúdos como o desafio da Baleia Azul, popularizado em 2017, que evidenciou uma banalização à vida ao colocá-la a prova. Há grupos que também influenciam tendências suicidas, chamados “sad boys/girls” que enxergam a depressão como algo “divertido”. Psicólogos dizem que os pais de crianças e adolescentes devem estar atentos e monitorar o uso das redes dos filhos.
Formas de prevenção
Um dos principais meios para realizar o tratamento é a busca por psicólogos, é possível encontrar consultas gratuitas em universidades, UBSs e através SUS; para a população LGBTI+ de São Paulo, a Casa Um realiza atendimento. Também é significativo a conscientização sobre a depressão e suicídio, e observação de possíveis indícios de comportamentos fora do padrão como: isolamento, alteração de humor, tristeza excessiva, insônia e incitação ao suicídio.
Caso note alguns destes sintomas, é importante abrir diálogo e buscar amparo. O Centro de Valorização à Vida (CVV) é uma ONG que oferece serviço voluntário 24h por dia via telefone, através do número 188, chat e e-mail do site. O objetivo da organização é oferecer ajuda às pessoas com pensamentos suicidas por meio de uma conversa com um voluntário do projeto.