Visibilidade e acessibilidade para crianças surdas
“Min e as mãozinhas” é a primeira animação produzida em libras e está disponível gratuitamente
O entretenimento voltado para crianças surdas ou que possua visibilidade para essa população é limitado. Mesmo na internet, os pequenos têm contato com poucos conteúdos, na maior parte das vezes recorrem a canais em plataformas como YouTube que se propõem a tornar alguma animação mais acessível por meio de um intérprete. Porém, no final de setembro foi lançado o primeiro desenho animado brasileiro reproduzido totalmente em libras. “Min e as mãozinhas” é um projeto inovador que oferece às crianças surdas uma opção de entretenimento completamente acessível. Além de ser representativa, a animação ainda cumpre um papel educativo ao ensinar ao público não surdo alguns sinais básicos, portanto também promove a inclusão e incentiva o diálogo com deficientes auditivos.
Min ensina a como cumprimentar pessoas surdas. Reprodução/Jornal Cruzeiro do Sul
Na animação idealizada e produzida por Paulo Henrique Rodrigues, acompanhamos situações da vida de Min, uma menina surda que também não desenvolveu a fala. Uma das propostas é ensinar em média cinco sinais por episódio, que duram aproximadamente dez minutos. No decorrer do capítulo, sons como campainhas e barulho de animais são representados por onomatopeias, dessa forma a criança surda pode perceber a presença de sons ambientes. No episódio piloto, e único publicado, Min conhece novos amigos, que à primeira vista não percebem que a garota não pode ouvi-los, ela irá, portanto, ensinar a eles como se comunicar. O desenho não utiliza legendas, a ideia é imergir o público no universo do surdo. Em entrevista para uma rádio de Itajaí, Rodrigues compara essa estratégia a aprender inglês por meio de conteúdos audiovisuais, em que o espectador não possui acesso a uma tradução.
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+ Surdez e preconceito Para produzir a animação, Rodrigues precisou contar com a participação de quatro professores de libras, entre eles três surdos e uma intérprete. O produtor completa que precisou se atentar à linguagem corporal dos personagens e a um bom desenvolvimento do desenho das mãos, para animar corretamente cada um dos sinais. O objetivo é lançar 13 capítulos por temporada no YouTube, cada um dos episódios custa cerca de 30 mil reais, já que há muitos profissionais envolvidos no processo de produção, a equipe vem buscando patrocínio e apoio financeiro do público através de doações online.